terça-feira, dezembro 11, 2007

poeira e sombra

Tudo na minha vida é como o vento, quase dura tempo o suficiente pra se perceber que algo existiu, mas nunca dá a segurança de algo sólido. Passa, acaricia, modifica.
Objetos, pensamentos, pessoas. É difícil até mesmo escrever, porque as palavras parecem caminhar sem rumo pelos corredores escuros da minha mente, se escondendo durante eras sem fim, por detrás das frias e frágeis colunas de cinzas...
Um dia, talvez, o vendo pare de desfazer minhas colunas de cigarros fumados, de ossos incinerados, lembranças de meu passado incinerado.
Ah, os desabamentos que o vento provoca dentro de mim; ah, o fogo que incinera minhas colunas de cigarros e ossos que, por fim, encontram o vento. São caóticas, confusas, as tempestades de cinzas... São dolorosas, muito dolorosas. A cada sopro o mundo todo fica cinza, e quando eu respiro, sinto a poeira entrar. E isso acontece so often... Too often.
Mas o curioso é o silêncio; não se escuta nem um uivo provocado pelo vento, nem um baque dos pilares se desfazendo, colidindo com o chão de vidro fino.
É um silêncio perfeito lá dentro, porque o que se quebra não tem matéria, não é matéria, não vibra. Só É a partir do momento em que deixa de Ser.
Assim como a vida, ou a morte; você escolhe. O instante em que tudo o que você viveu, ou não viveu, passa diante dos seus olhos, num lugar onde o tempo não existe. Pra realidade na qual estamos aprisionados, um tempo infinitesimalmente pequeno; um instante que fica se repetindo eternamente, a cada vez que você atinge esse ponto.
Qual a probabilidade de você estar vivendo pela primeira vez, considerando que depois disso sua vida fica se repetindo eternamente em pensamento? Matematicamente falando, é de aproximadamente zero. É o limite de um número ao se aproximar de zero, pois
1(vida que você tem) dividida pelas vezes em que ela é reproduzida(infinitas).
Então... Minha conclusão é a de que a vida é imutável, pois já aconteceu; é só uma lembrança que entra em looping infinito.
Então... um suicídio é inútil, visto que continuarei aqui, repetindo tudo o que eu queria que nunca houvesse acontecido.

Então... ficarei em silêncio.
Esperando a água, em forma de elemento ou personificada, que sempre chega, lavando e curando, limpando minhas galerias ricas, desérticas e frágeis, para que eu possa recomeçar a montar minhas belas colunas de cinzas, esculpidas, em cima do meu chão d vidro, que mostra o infinito sob meus pés. para que o vento possa fazer seu trabalho e me recompense com essas letras vermelhas.

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