sexta-feira, setembro 15, 2006

Noir Conte

Num belo barco a vela, na obscuridão da meia-noite, encontra-se uma jovem. Indiferente ao movimento das ondas, indiferente ao céu estrelado, indiferente ao suave som do vento, ela está perdida. Perdida em seus pensamentos, em sua loucura, navegando sob o manto negro do infinito. Não sabe porque ainda existe, nem porque deveria deixar de existir... O ponto de indefinição de sua vida perdura por horas e horas, dias e dias, e, mesmo assim, ela não se importa. O tempo faz tanto sentido o quanto sua própria existência..

Antes morresse afogada; ou, até mesmo, abrisse os olhos para uma possibilidade de reencontro com o plausível. Mas o que resta é a inércia, e tudo o que deveria existir, mas não existe.

O que não deveria existir mas existe é uma única imagem, congelada em seu âmago: o pôr do sol tingindo o céu de diversas cores, areia e sangue. Sangue derramado, areia fluida, uma mistura. Um punhal envenenado. E tudo se torna preto-e-branco, como se fosse um filme de uma época que já se foi.

Cordão de prata arrebentado, uma chuva de estrelas, um grito entrecortado, e o nada. O nada que dança enfeitiçando todas as pessoas. O nada que acaba com várias das mentes desgraçadas.

As palavras têm o dom de fatiar almas humanas. Uma mente influi na outra, e, quando ela se arma, tudo sacode. As situações se chacoalham, se tornam um ponto de interrogação. A definição, suspensa no ar, oscila.

E o que acontece, conjuga o verbo no passado e não há mais volta. Um desespero além de lágrimas pousa altivo num coração frágil. Pobre donzela.. Mais uma vítima do cruel destino de todos os casais apaixonados: o fim.

Sim, sim! Caia! Já não há mais cura para esta ferida. Assassinato de Logan, assassinato de Dara. A primeira, transpassada por uma lâmina física; a segunda, pela lâmina dos abandonados.

Nada mais pode ser feito... O passado é tão imutável o quanto o futuro é imprevisível. Mas o nada é mais uma parte de tudo.. O contato daquela mão gélida, daquela camada de sangue seco, da suave carícia da brisa há de acordar quem não dorme. E depois de reviver dez vezes, cem vezes, o Momento, talvez ainda haja vida para a sobrevivente...

quarta-feira, setembro 13, 2006

ser ou não

Sentimentos me engasgam. Contudo, não sei o que falar, o que vomitar, para aliviar esse desespero periódico.

Ficarei em silêncio, então.


...

previsão...

eu tenho medo da vida.

eu tenho medo de como as coisas nos são dadas

e, no momento seguinte, retiradas

nos deixando com uma sensação desesperadora de insegurança

eu tenho medo de como as horas são flexíveis

e de como o equilíbrio é frágil.

a qualquer momento tudo pode desmoronar.. e desmorona.

só nos resta a incerteza

a qualquer momento a visão do futuro assola sua mente

e você tem certeza de que aqueles são seus últimos minutos de paz

que, sem você nem perceber, foram destruídos

pela ansiedade aterrorizante que precede certos fatos

só depois de irreversível, percebi o que perdi em minha vida

parece que eu abri a mão espalmada ao vento

e permiti que meu único grão de felicidade saísse voando, sem sequer tentar retê-lo

porque, afinal, sei que a prisão não é uma felicidade honesta..

mas se componho os cânticos e eles ressoam em salões que não são os meus

nada posso fazer a não ser ser grata por ter sido a geradora de tamanha harmonia

e sair em busca de novos músicos para formar minha orquestra

se minhas lágrimas são derramadas em prol da ausência das do próximo, eu porefiro que assim seja. Afinal, é mais doloroso ainda ver as pessoas, que são suas tanto o quanto você é delas, em estado de tristeza.

eu queria poder fazer alguma coisa, mas sinto que minhas ações me levam ao inevitável, já que a definição dos acontecimentos reside em algum lugar do passado.

Porque eu tenho que sentir tudo de antemão?

Eu acho que eu não vou deixar isso acontecer. Eu acho que ainda dá tempo de consertar o que eu fiz.

E mesmo que não dê, a capacidade do ser humano de superar as coisas é uma habilidade fantástica

No final, vai acabar dando certo.

O medo não leva a nada.. e isso sou eu tentando me convencer de que não vai ser tão ruim o quanto eu penso...

moi, le stupide

[pausa mais longa que o esperado para trocar o teclado]

Como eu ia dizendo, se esse texto não der certo, nenhum outro dará. Já faz muito tempo que eu tento, desesperadamente, me expressar de forma entendível, mas não consigo! O que me resta são papéis com idéias sem vida! Pior que inacabadas, elas são deficientes... Sem possibilidade de recuperação.

Apesar de as palavras nunca terem o significado exato do que eu espero, e apesar de eu nunca, mas nunca mesmo, estar satisfeita com o que eu escrevo (afinal, como é que se fica satisfeito com uma porcaria dessas?) [...] Deixa pra lá. Esqueci o que eu ia falar. Mas deve ser lógico. Pensa aí um pouquinho pra ver se você consegue entender.

É horrível a consciência de sua própria impotência!

É horrível querer expressar uma idéia e não conseguir!

É angustiante!

Caralho... Eu me sinto péssima no momento. Que inveja tenho eu dos escritores que conseguem falar em um parágrafo o que eu sinto durante minha vida inteira! Que inveja tenho do inatingível!

Eu sei que é impossível ficar satisfeito com a materialização de uma obra; afinal, ela nunca sai da mente do jeito certo. Sai sempre torta, ou pulando... Obras de arte (se é que eu posso chamar isso de arte) são formas de existência das mais indisciplinadas.Eu só não queria ficar assim!

Acho que a minha frustração é culpa da minha arrogância e incapacidade de aceitar defeitos, tão recorrente na adolescência do ser humano... Principalmente se o ser, no caso, ficar ouvindo que é mais inteligente que a maioria das pessoas. Mas que culpa o ser tem? Ele simplesmente nasceu assim! E ele ainda é ridículo a ponto de ter pensado em dizer que tenta não ser, só pra se fazer de coisinha inocente, quando, na verdade, esse ser adora ser mais esperto, ser elogiado!

Ele sente um prazer sombrio em sentir dor, em se sentir frustrado, em se sentir inútil, e ainda utiliza esses sentimentos pra se esquivar de suas responsabilidades. Porque? Talvez seja porque a essência desse ser é ser preguiçoso e, pela sua inteligência, usa artimanhas bem pensadas que possibilitam sua inércia. Aí, quando começa a ficar sem desculpas pra continuar sem fazer porra nenhuma, usa a brutalidade e a máscara da incompreensão; afinal, se ninguém entende, ninguém vai perceber que o motivo simplesmente não existe!

Ou talvez seja a consciência de usar essa inteligência e sempre sair ganhando que gera culpa. Ter consciência de cada vez que falou algo que magoou a outros, ou imaginar demais que causa mal. Ter essa certeza devastadora de que só gera desgraça, trabalho, penúria.

Mas a maioria dessas coisas não é consciente. Só se torna consciente por períodos, nos quais o ser tenta mudar. Ou entra em mais uma crise de depressão, ódio e auto-flagelação, que só acaba quando o esquecimento se inicia.

E o esquecimento gera mais problemas ainda, pois não é um esquecimento seletivo; ele se alastra, deletando da memória tanto momentos bons quanto ruins.

Opa! Então, é a consciência de sua inteligência que gera a culpa, que gera a depressão?

Cara, eu queria saber.

Porém, não entendo mais nada... A verdade pode ser outra, cuidadosamente escondida por entre as camadas do subconsciente propositalmente complexo (por não ver graça em ser de outra forma), com uma ridícula necessidade de se auto-afirmar, beneficamente ou prejudicialmente.

Porque diabos eu ainda tento? Porque eu não apago tudo, rasgo tudo, queimo tudo logo de uma vez, se eu sempre fico com ódio da minha mediocridade?

Porque quando eu escrevo, eu me compreendo. Porque eu converso comigo mesma. Que feliz hein? Eu percebo meus defeitos, pra tentar mudar, e acabar adquirindo outros piores! Porque, afinal, adultos são piores que adolescentes. (E eu sou uma adolescente quase adulta, eu acho...) Mas continuando:

E, se você parar pra pensar filosoficamente, se pergunte: o que é vida? O que é arte? E o tempo? Se você sabe que um dia ele chega ao fim, ele VAI chegar ao fim, e você não tem certeza se seus esforços te levam pra onde você quer ir. Porque, afinal, o acaso é o grande protagonista da história. Mas não acaso no sentido de aleatório. Acaso no sentido de “hey, você não tem controle sobre sua vida! Por mais que você ache que tem, chega um dia, inesperado, que você leva uma sacudidela de algo e adeus toda a sua suposta ‘estabilidade’”.

Nem falei o que pretendia, e nem gostei muito de minhas palavras; vou gostar ainda menos da segunda vez que eu abrir pra ler. Mas da terceira, depois de vários meses, provavelmente, vai me parecer interessante. Será?

Só o tempo vai dizer

Ei!

Quem é você, seu curioso, que anda lendo o que eu escrevo?

Ah! Sou só eu, mesmo...

Tomara que a mamãe não leia isso.

Ps. Como esse texto foi ficando tão grande? Pqp! Eu queria conseguir parar de mexer nele. Vou acabar cagando o pau, como sempre...

Ou perdendo uma história em detrimento de outra, não necessariamente melhor.

Ótimo; deixem que eu me apresente: Nightshade, a Prolixa Compulsiva Dramática Consciente Irônica Auto-Depreciativa Exagerada. : )

Arquivo do blog

Colaboradores