sábado, maio 17, 2008

Com todo cuidado de quem é mãe nata, amamento meus filhos te tinta e papel. Sejam palavras, sejam imagens (nunca realistas), lapido e dou polimento; um tanto ao acaso, mas é assim mesmo que consigo fazer as melhores obras; vêm direto da alma, sem intermédio do cérebro.
Depois de maturar com todo cuidado as primeiras idéias, e mudá-las por completo no mínimo umas três vezes, fazendo sempre algo inesperado, admiro minha criação. A princípio, gosto. São fragmentos de alma, pedaços de mim mesma, que vou conhecendo. Acabo odiando, uma hora ou outra. É esse meu contato inicial.
Depois do ódio, vem a calma. Um amor profundo, afeto por aquele pedacinho de mim que já não mais me é inteiro, mas é intrínseco a mim.
Daí, já era. Ou dou, ou rasgo, ou queimo. Não conservo meus pedaços perto de mim. Pois eles serão pra sempre meus, mesmo que esquecidos; mesmo que destruídos.

Um dia existiram, e pra mim já basta. Não tenho pretensões à eternidade, pois aprendi que tudo são ciclos, e valem a pena em quanto existem. Depois disso, ficam obsoletos. Pequenos pedaços de nostalgia. E quem precisa de nostalgia?

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