O talento e o fantasma da inutilidade
1930 – Grande depressão – desemprego > solução: capacitação.
Hoje – “Sociedade das capacitações” > desemprego de mão-de-obra capacitada > trabalho migrou para onde a mão-de-obra especializada é mais barata.
Essência do texto: Fantasma da Inutilidade X Bildung
*Bildung: educação e formação de uma pessoa.
1840 – Londres > êxodo rural intenso > desemprego em massa > 6 trabalhadores para cada emprego.
*Teoria de David Ricardo: mercados e máquinas industriais reduziam a necessidade de mão-de-obra.
*Teoria de Thomas Malthus: crescimento populacional > mais gente que o necessário para manutenção do sistema.
Nenhum dos dois previa a “banalização” do conhecimento. Viam o trabalho nas fábricas como um embotador cerebral. > inutilidade: conseqüência necessária, porém trágica, do desenvolvimento.
Sociedade Moderna: acaba com “mental” X “de massa”. Muitos jovens capacitados e impossíveis de empregar. “A máquina econômica pode ser capaz de funcionar de maneira eficiente e lucrativa contando apenas com uma elite cada vez menor.”
O Fantasma da Inutilidade
Três forças configuram a moderna ameaça do Fantasma da Inutilidade:
1) Oferta global de mão-de-obra
2) Automação
3) Gestão do envelhecimento
Oferta global de mão-de-obra(motivação + bildung + salários baixos):
• Seleção por questão cultural, além de monetária: Nos países de economia de salários mais baixos, o status social que advém do emprego especializado numa multinacional, mesmo que esse seja um emprego exploratório, é maior que num país de economia de salários mais altos, fazendo com que o empregado tenha orgulho de seu emprego e seja mais eficiente.
• grande contingente de funcionários super-preparados nos países de economia de salários mais baixos: Há menos empregos que mão-de-obra especializada, fazendo com que a massa trabalhadora especializada atue em empregos com exigências intelectuais inferiores e com remuneração mais baixa do que ela está preparada para exercer.
• *exploração de trabalho infantil: As corporações preferem um trabalhador com iniciativa, capaz de tomar decisões rápidas no caso de haver algum imprevisto. Crianças dão trabalho.
• estímulo por meio de ascensão de vida através de créditos concedidos ou especialização para abrir firmas menores de terceirização de serviços prestados ou algum outro pequeno negócio. >> quantidade de start-ups vem crescido em vários países do sul.
Automação
“o reino da inutilidade se vai expandindo à medida em que as máquinas passam a fazer coisas de valor econômico de que os seres humanos não são capazes”
As máquinas não vão conseguir substituir todos os trabalhos da mão-de-obra humana, porém realizam melhor uma boa parte deles, e melhor, pois máquinas tem menor chance de falha e são mais eficientes.
Gestão do envelhecimento
• preconceito: se diz dos mais velhos que são pessoas acomodadas, lentas, com pouca energia.
• O conhecimento por eles adquirido se torna obsoleto; as empresas têm a necessidade de oferecer cursos de recapacitação. É caro demais e tratado com resistência pelos funcionários.
• Treinar um homem de 50 anos com piso salarial alto X contratar um de 25 “cheio de gás” com piso salarial alto [as empresas costumam preferir, obviamente, a segunda opção]
• Empregados mais velhos tender a ser mais críticos e lutam pelos seus direitos, enquanto os mais jovens tendem a ser mais prudentes e preferem sair do trabalho ao invés de lutarem (saem mais barato e causam menos problemas)
• Empresas que investem em capacitação são as organizações do tipo mais tradicional. Vêem na lealdade um bem corporativo.
• Menosprezo da experiência em detrimento da capacidade multivisual, dinâmica.
O Estado e possíveis soluções
“Os planejadores não perceberam que a automação poderia alterar a natureza do processo produtivo.” O governo se eximiu da responsabilidade sobre as conseqüências disso.
Os sindicatos relutaram em reavaliar toda a questão, dando prioridade à proteção dos empregos em detrimento do planejamento de alocação da futura força de trabalho.
• Solução de Theodore Kheel: transformar trabalhos não remunerados, como cuidar de crianças e prestar serviços comunitários, em trabalhos remunerados.
• Sistemas de saúde e aposentadoria > sec. XX > serviços públicos. Objetivo: redistribuição de renda; transferência de benefícios das gerações mais novas para as mais velhas. O problema é que hoje em dia, os indivíduos possuem maior longevidade, e principalmente em países do Norte, o índice de natalidade é menor, tendo como conseqüência um menor número de indivíduos ativos que possam sustentar o sistema. “embora seja justo, o sistema se tornou insustentável
• Os jovens não gostam do fato de pagarem impostos pelos mais velhos e se orgulham de ser independentes do Estado, pagando por serviços privados que o governo oferece de graça.
• Homens de classe média, de meia-idade: apartados da antiga cultura corporativa e com dificuldades de se inserir à nova.
Perícia e Meritocracia:
Perícia: realizar uma tarefa visando a perfeição, somente por fazer bem-feito. Traz satisfação. Exige prática e obsessão.
Meritocracia: sistema de hierarquia intelectual que privilegia as mentes mais inteligentes, criativas e versáteis, capazes de se adaptar a mudanças rápidas.
Aptidão potencial: “modernidade líquida”
Capacidade de ser superficial, rápido, versátil.
Avaliação de problemas através de meios superficiais e ineficazes, se aprofundados.
“Falamos da capacidade de pensar de maneira prospectiva sobre o que poderia ser feito, mediante o rompimento do contexto de das referências – um trabalho de imaginação quando bem feito. Mal feita, no entanto, essa busca do talento reduz a referência à experiência e às cadeias de circunstâncias, evita as impressões dos sentidos, separa a análise da crença, ignora a aderência do apego emocional e penaliza o esforço de aprofundamento – um estado de existência em puro processo que o filósofo Zygmunt Bauman chama de “modernidade líquida”. O que vem a ser, pura e simplesmente, condição do trabalho nos setores de ponta.
Conhecimento e poder
“A meritocracia priva de poder a grande maioria daqueles que caem sob seu domínio.”
Foucault: “A elite como que adivinharia os reais interesses da massa, fazendo-a crer que não entendia a si mesma, que era um intérprete inadequado de sua própria experiência de vida.”
As organizações, principalmente dos setores de ponta, buscam pessoas com a aptidão necessária para realizar os trabalhos, que são as de pensamento mais ágil, capazes de se adaptar a mudanças e trabalhar com pessoas diferentes a cada novo projeto. As capazes de agüentar seu fluxo rápido são contratadas, e as que não têm essa aptidão são deixadas de lado, caindo na inutilidade.
quarta-feira, dezembro 09, 2009
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