terça-feira, fevereiro 10, 2009

control

as imagens do filme são como a base de uma música, só acordes simples calmamente tocados. A melodia vem dos pensamentos, da constante ebulição interna do Ian Curtis. A simplicidade das cenas, visualmente falando, contém a porta pra mente dele...
Muito bem pensado... Preto e branco... Todos sempre falam baixinho... Dá pra sentir na própria pele a angústia que permeou a vida do cara.

Porque todos nós artistas temos que ser fodidos pra conseguir criar?
Pra essa pergunta eu, como tal, tenho até uma resposta. A arte derrama do exagero emocional no qual estamos acorrentados, para o bem alheio e para nosso próprio mal. E esse excesso alimenta os que têm carência de emoção, de sentimentos, de vida.

Antes de tudo, Ian era um escritor. Na minha opnião [suspeita] os escritores são os mais sensíveis, pois escrever é a arte que mais se aprofunda no entendimento do que quer que estejamos sentindo; é como uma refinação ou, talvez, uma matéria em estado bruto; como se música e pintura fossem interpretações secundárias, e as palavras, o cerne; as idéias. [é incrível como os opostos são próximos, como se fechassem círculos de situações]

Nosso grande mal, dos escritores, é refletir demais sobre todas as coisas. É repensar demais nossos próprios atos, depois de termo-nos deixado levar pelas nossas vontades sem querer pensar no futuro, e então percebendo a imperfeição gritante que nos é inerente.
E isso nos traz tanto arrependimento, que nossa existência chega ao limite do insuportável. E nos odiamos, e então temos que confessar a alguém, temos que nos justificar para nos livrarmos dessa culpa muitas vezes infundada. E não temos coragem de contar a ninguém, então nos sobra papel e caneta; teclado e monitor.

Ian era assim; se deixava levar pela vida como se dormisse, para finalmente se ver numa situação insuportável e acordar no mundo das consequências dos seus atos.

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