domingo, agosto 30, 2009

,paradoxo>>^

Vou fumar mil cigarros, me afogar num copo de álcool, desistir de tentar ser normal, pra ver se o que me falta é o completo fundo do poço. Pra ver se o abismo me salva da minha sanidade instável e dolorosa.

minha felicidade parece uma lâmina de pêndulo, voa bem alto pra descer fatiando minha pele em todos os lugares.
me rasga, me tortura, tanto quando voa quanto quando mergulha.

cada pensamento bom vem infectado com pitadas de maldade, minha metade irônica rindo da minha metade sincera. sinto uma mistura de prazer e nojo das minhas tentativas frustradas de expressão artística. fico pensando como sou patética, meu deus! Não entendo nada direito, não vejo as coisas com objetividade.
Tenho a impressão de que o mundo é um borrão escaldante e estourado, e quando tento enxergar as coisas como são, meus olhos doem.
Não sei o que é certo ou o que é errado. Fico me perguntando aonde está a raiva que antes me consumia quando eu via meu pai alisando seus carros importados e falando em dinheiro, quando a mulher dele me humilhava, e quando me comprava com presentes caros, quando me dizia que eu era uma sonsa mentirosa, e meu pai não fazia nada, quando minha mãe foi embora e me deixou sozinha, quando ela voltou e me odiou porque estava presa a mim, quando eu ficava sem conseguir absorver nem 1mm³ de oxigênio, tendo crise de asma e chorando dentro do banheiro da escola sozinha, quando eu não conseguia olhar nos olhos das pessoas. Como eu me odiava e como eu odiava o mundo ao meu redor.

e agora, só o que me resta é um vazio impreenchível, uma falta total de sentimentos que durem.
tudo vem intenso e vai embora rápido, tudo passa correndo por dentro de mim assoprando o pouco de ordem que eu consigo pôr nos pensamentos [a muito custo]

dor? remorso? arrependimento? amor?
nada.

mero caos insano que dura 5 minutos e vai embora açoitando o tempo, me deixando só e seca. impenetrável. dura e áspera, mascarada e ordinária. comum.
não tem poesia, não tem beleza, não tem utopia.
nem sonhos frustrados, nem desejos impossíveis, a não ser um: ir embora no primeiro avião e só voltar depois que eu aprendesse a pelo menos me conformar com minha eterna solidão.

como seu Yutaka disse: rodeada de pessoas, mas sempre solitária. Como um lince faminto esperando o contato com o sangue.

me decepciono comigo mesma. hoje. porque minha vida é amor, eu levo e trago isso por onde passo, eu sinto isso em cada segundo da minha vida, borbulhando, mas não consigo acessar essa alocação de memória do meu cérebro quando meu outro lado me domina.

E é como dizem, a vida é feita de Agora.
Meu agora é saudades eternas do meu coração, e decepção pelo meu vazio emocional, pela minha falta de sonhos, pela minha incerteza.

Não odeio, logo retenho.

Maldito paradoxo, maldita entropia, maldição!
*sobrancelhas franzidas, sono, cansaço, indiferença, falta de ideiais, falta de bom-senso.

mas talvez eu tenha encontrado o fogo que queima tão forte que pode ser que derreta minha armadura de pedras. quando aquela estrela caiu... eu posso ter caído junto com ela no abismo espectral que digere o bem-mal[que na verdade são a mesma coisa, só que invertidos]e posso estar agora no conforto da escuridão absoluta, no útero de deus de volta, sendo o nada-tudo inconsciente, pulsante e completo.

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