quinta-feira, março 04, 2010

O brilho pálido do luar passando por entre as folhas me chamou a atenção hoje. Iluminando tranquila lá de cima, distante, sozinha e completa ela estava, constante, a subalterna do Sol.
Por alguns segundos, meus pensamentos calaram, amainaram a pressão de seu movimento entrópico, pois o ato de ver a beleza se tornou maior que meus conflitos internos.
Dirigi de volta para casa vagarosamente, depois de uma despedida, sem muita vontade de chegar, apreciando o segredo de ruas vazias, a luz hermética dos postes, o asfalto macio...
E agora, sinto o cansaço do dia chegando no meu corpo. Minha mente, por infortúnio, não lembrou de recebê-lo. Ainda está em seu galope imprevisível, assim como as mudanças climáticas e o destino da Matéria.
Alisei os cabelos displicentemente, como costumo fazer, vasculhando em minha memória e em minhas sensações o que mais eu poderia dizer para descrever esse momento. Não adiantou.
Tudo é uma sucessão das mesmas coisas, como se estivéssemos presos num círculo gigante do qual é impossível escapar a menos que se aprenda a pular infinitamente alto. Portanto, tudo o que eu poderia dizer cai na prolixidade, numa nova forma para a massa de modelar já muito usada.

Portanto, me recolherei à minha insignificância de mais um cigarro emburrecedor, de mais uma noite mal dormida, de mais um dia completamente inútil por causa do sol.
Quero minhas noites em claro novamente ;/

Já não aguento mais esses dias improdutivos de calor sufocante e maus pensamentos estourados pela luz.

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