segunda-feira, junho 20, 2011

sem título

Acordei com vontade de escrever um livro há alguns dias, mas alguma coisa no meu pensamento completamente desorganizado me impede. Todos os fatos querem pular de uma vez, no mesmo segundo, na tela do computador, prontos e bem acabados. Mas é claro que "a verdade" é um conceito traiçoeiro, cheio de pequenas nuances, e a forma como ela é dita a transforma numa pálida reprodução da inconstância da sensação.

O que eu gostaria de dizer é cada vez mais difícil de ser entendido, principalmente para os ouvidos com quem falo. Acho que alguns meses me fizeram exercitar ao máximo minha capacidade de dialética, ao mesmo tempo que a frustração da minha incapacidade de conseguir me fazer entender nublaram minha confiança no discurso.

Pra mim, a forma mais simples de escrever, a que melhor retrata o que eu penso, parece ser a complexa, porque afinal a mente humana não é algo simples. Mas toda vida que eu tento, pareço estar sendo artificial e forçada, com um excesso não sei bem de quê, que me irrita. Sentir é muito mais simples do que explicar o sentimento.

Decepção. Frustração. Cansaço. Angústia. E breves lampejos do que a vida poderia ser, se a memória não existisse. Eu queria poder ficar segurando as lantejoulas e as pondo de encontro ao sol o tempo inteiro.
Minhas gotas de risadas espontâneas. Minhas gotas de imprudência infantil. Minhas gotas de amor incondicional.

Mas penso demais, sinto demais e não vivo no presente. Odeio ser assim.
Quero um raiozinho de sol que seja, que nunca desapareça das minhas colunas cinzentas. Quero poder me sentar embaixo dele, com a certeza de que ele vai durar para sempre.

Mas sempre esqueço, para ser dolorosamente lembrada depois: o sempre não existe.

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