segunda-feira, fevereiro 18, 2008

as coisas que a gente deseja nem sempre são as que nos farão mais bem
é engraçado como a realização de um desejo muito profundo meu não me trouxe felicidade ou contentamento, e sim mais sofrimento...

e numa maldosa ironia, tem uma esperança, o inseto, aqui em casa há uns três dias, e tá tocando a música de pirata do Duke Ellington, ambos se fazendo existir como se me dissessem: "você é tão ínfima que o tempo não desaba em chuva se você está triste. O mundo continua girando com ou sem você"

é como se tudo estivesse me esquecendo, e comprovando aquilo que todos sabemos: o tempo tem uma sensibilidade maldosa.. Sente os maus momentos e os prolonga, deixando os bons correrem como água nas mãos de alguém que tenta segurá-la.

Mais um playboy no mundo morrendo de overdose de cocaína, mais uma criança morrendo de fome, mais um bêbado capotando seu carro... E mais uma pessoa sendo causa involuntária do sofrimento de outra.

E tem gente que ainda acredita em deus e no diabo, no bem e no mau.
Só existem verdades relativas; afinal o mundo é feito de diferenças...


É engraçado como blues é uma felicidade que chora de tristeza... Exatamente como eu, agora.
Uma pessoa só é cruel porque sofre... Olha o paradoxo disso! É um abraço sem corpos, choro sem lágrimas, felicidade sem felicidade e tristeza sem tristeza. O corpo sem o corpo, o calor sem o fogo... e a sobrevivência sem a vida.

A noite, um beco escuro, lua, estrelas uma cerca de madeira e umas latas de lixo sendo reviradas por um gato. O piano tocando, o saxofone gemendo, choramingando, e as imagens dançando dentro de um coração baldio. O meu coração baldio. E eu tenho um olhar que implora, e um corpo que anseia, e um sorriso que pode ser comparado à superfície de um lago, refletindo sob um sol brilhante todas as árvores e a ponte parisiense, e as pessoas fazendo piquenique, enquanto o fundo esconde um outro mundo, que só os seres aquáticos conhecem. Com aquelas botas clichês que os pescadores pescam, e barquinhos naufragados e, quem sabe, um grande tesouro... Tudo obscuro, sem luz, sem calor, sem ar...



E agora, um salão animado dos anos 60 onde as pessoas dançam, bebem e cheiram a cocaína, ainda legalizada. Vestidos com sainhas rodadas, sapatinhos de vinil, meias com rendinhas, ternos, chapéus-coco, risadas e flerte. Pra noite acabar em sexo e cigarros, em casos extra-conjugais borbulhantes e sussurrados, e em brigas de quem já bebeu demais. Longe dos holofotes, longe das luzes do animado clube, dançam as possibilidades e consequências de uma dança a dois. Uma simples dança a dois...

Um comentário:

Maya disse...

Um dia acho que tu vai explodir em um bilhão de pedacinhos de sentimentos, cores, sons, formas e outras coisas mais sutis. E o mundo perceberá isso.

Sei lá.. me veio isso em mente..

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