terça-feira, março 18, 2014

Num dia meio nublado

Acabo de almoçar. Fiquei com vontade de escrever. A luz entra suave neste dia nublado. Meu quarto bagunçado, meu quadro bagunçado, uma sombra corre rápida na parede.
Respirar.
Minha criatividade anda doente. Outra sombra. 
Um quadrado de luz no meu quadro branco!
A campainha toca. Deduzi quem é, não queria saber. 
Os gritos de sempre. 
As falas, as vozes, a invasão auditiva do meu espaço. 
Não queria ouvir.

A água corre pelos encanamentos, fazendo barulho abafado de estrelas. 
O cachorro está engasgado.
E eu, deitada e suja, bagunçada. 
A água escapa volumosa pela torneira. Barulho de vento rápido. 
Lá atrás, gritos. Gritos. "A água, floratil, cadê ela?" Cachorro tosse.

baruulho de estômago doente nos encanamentos. [Ela diz: deixa eu ir, filha!] Vá.
Conversas, risos, deduções. 
Meu pequeno inferno.

Deitada na bagunça. Minha mente explode em várias direções. Pensamentos paralelos e dentro do mesmo plano. É um plano-sequência. Ela grita. Ela grita. 
Eu tenho fones de ouvido e músicas. Mas estou alimentando com o que vem de fora, julgando negativamente, me metendo num redemoinho de más impressões.

Tem um quadrado de luz no meu quadro branco. Meu amor é mais fraco que meu ódio. Não deveria ser. Meu amor tem que ser mais forte do que qualquer coisa. 

[Um coração sendo espremido em uma mão]





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